domingo, 9 de novembro de 2008

Qual é a cor?

“E estamos muito perto de termos o primeiro presidente negro dos EUA”. Essa frase dita por um repórter foi suficiente pra que as lágrimas caíssem dos meus olhos. Na manhã do dia seguinte tive a confirmação. Não sei se todos os negros tiveram esse mesmo sentimento, mas a verdade é que pelo menos a maioria de nós naquela quarta-feira acordou mais esperançosa. Sei que não podemos ser utópicos a ponto de achar que Obama irá resolver todos os problemas do mundo e será um presidente perfeito. Não podemos afirmar nada. Mas temos certeza que o dia 05 de novembro de 2008 ficará marcado na história. O dia em que a população da maior potência do mundo deixou de lado seus olhares conservadores e resolveu agir com o coração.
E uma coisa lhes digo: não á fácil ser negro. Quando você cresce numa favela onde a grande maioria dos habitantes é negra, talvez seja menos complicada a convivência, apesar de terem problemas muito mais complexos. Já para quem felizmente pôde ter melhores condições de crescimento, a adaptabilidade no seu meio pode ser um pouco mais demorada, pois existem menos negros e mais pessoas mal informadas. O meu caso é bem particular, pois sou o resultado de uma miscigenação, tenho uma avó branca e uma avó negra o que fez com que tivesse uma visão muito mais ampla sobre essa questão.
Quando era criança já passei por situações embaraçosas, mas aprendi a lidar com isso da melhor maneira possível. Hoje é minha priminha que está passando pelas mesmas coisas que eu vivi há muito tempo atrás. Ela é uma menininha negra lindíssima e agora começa a questionar sobre a cor da sua pele e seu cabelo, perguntas que não deveriam estar afligindo a cabecinha de uma criança de quatro anos. Em casa ela recebe a melhor educação de uma família negra e forte, mas na escola existem as crianças que não tem o mesmo tipo de preparo. São criados por pais desorientados, com uma visão restrita da sociedade e esses valores acabam sendo adquiridos pelos seus filhos, que podem se tornar crianças maldosas e mais tarde adultos preconceituosos. Isso não acontece com a família da melhor amiga da minha priminha, uma menina adorável de olhos verdes. As duas se conhecem desde que minha prima nasceu e não se desgrudam desde então. As famílias apóiam e incentivam a amizade, o que vai ser bom para ambas que desde cedo têm certeza que a amizade independe de qualquer atributo físico, classe social ou qualquer coisa que separe, pois a amizade nos une.
A verdade é que tenho orgulho de ser negra. E apesar da mistura que tive que resultou não só uma mistura de raças, mas principalmente de culturas, me sinto muito negra. Só não sei se os negros têm orgulho de mim. E ainda bem que zumbi não está vivo pra me ver sambando, pois seria uma decepção. Acho que um gringo numa roda de samba se move melhor que eu. E eu tentei. Juro que tentei diversas vezes, mas nem levo jeito mesmo. Minhas tias parecem passistas de escola de samba quando entram numa roda, e eu fico com minha cara de broa, como quem diz me esperem que eu estou só descansando. E fico descansando umas cinco horas no mínimo. Além disso, a outra decepção que não é da comunidade, mas sim da minha tia-avó, é o fato dela estar esperando até hoje eu adentrar pela porta de sua casa com meu novo namorado negro, forte, alto, bem sucedido, com uma aliança de 100 quilates e a realidade é que nem cheguei a apresentar os branquelos, doidos que passam a jato pela minha vida e que saem antes que alguém veja a cara do sujeito. Óbvio que é brincadeira, e que minha tia-avó, que se casou com um homem branco e não tem nenhum tipo de restrição, só quer me ver feliz.
Mas voltando ao assunto anterior, agora só espero que tudo o que temos planejado e sonhado para o nosso mundo possa se concretizar. Que esse seja o início de uma nova era, mais justa, que avalie o potencial dos indivíduos de forma similar, que sejam os brancos, que sejam os negros, que sejam todos que tenham capacidade e que sejam realmente bons aqueles que irão comandar nossas nações a uma direção melhor.

domingo, 2 de novembro de 2008

?

Homens e seu constante transtorno bipolar.
Não sei se ligam porque estão com saudade ou se é pra gastar o bônus do celular.
Não sei se não ligam porque aconteceu alguma catástrofe ou estavam de ressaca do dia anterior.
Não sei se são realmente desligados ou simulam ser.
Não se estão rindo pra mim ou de mim.
Não sei falam conosco, pois sentem nossa falta ou se sentem incomodados com nossa indiferença.
Não sei querem estar ao nosso lado porque gostam ou por mera carência.
Não sei se pensam em se casar ou só nos poupam para nos dar como parte do pagamento em suas dívidas de jogo.
Não sei se o pra sempre é por toda a eternidade ou até amanhã.
Não sei se querem sair naquele sábado pra nos agradar ou porque seus amigos não o procuraram.
Não sei se nos convidam pra sair naquele sábado e nos deixam esperando porque um meteoro se colidiu com a Terra ou porque seus amigos o procuraram.
Não sei se não querem nos ver porque não tem grana ou se estão economizando grana pra comprar mais cerveja.
Não sei se quando dizem sermos as mulheres da vida deles, eles têm uma vida ou na verdade eles são gatos.
Não sei se é complexo ou eles que querem que seja.
Não sei se quando dizem que estão apaixonados é sincero ou se simplesmente querem ver a nossa cara de idiota.
Não sei se quando dizem que somos especiais é bom ou é um indício que eles querem cair fora.
Não sei se acreditam no amor ou apenas tentam nos iludir com provas de amor.

sábado, 18 de outubro de 2008

Crise

Outro dia estava participando de uma discussão sobre a queda da bolsa de valores e as conseqüências devastadoras que vem trazendo à economia mundial. Na volta pra casa parei pra calcular o estrago que a minha crise financeira vem causando em minha vida.



Quando era mais nova era muito segura quando se tratava de dinheiro. Entrei na faculdade, consegui um estágio onde ganhava 260 reais e com esse dinheiro pagava minhas pequenas contas e saia com meus amigos de vez em quando. Depois me mudei para um emprego e com um salário melhor. E a partir daí vieram os cartões de lojas, cheque especial e um pouco mais tarde os cartões de crédito.


Na época em que comecei a usar meu especial, que era bem pouco, conseguia cobri-lo todo mês sem nenhum problema. Então logo aumentaram meu limite e comecei a gastá-lo. Todo. Lembro-me da primeira vez que usei meu cartão de crédito. Foi pra comprar um bota de couro que já estava namorando há alguns meses e o resto da história vocês já sabem. Só que um belo dia descobri que não tinha como saldar minhas dívidas dos meus dois cartões então comecei a pagar o mínimo, quando conseguia pagar, e essa dívida vem virando uma bola de neve que está prestes a me atropelar.


Foi quando percebi que havia alguma coisa estranha. Os bancos que antes se estapeavam pra que eu adquirisse algum dos seus produtos não me procuravam mais. No início achei ótimo, mas eu sabia que tinha algo errado nisso tudo.


Então estava em casa tranqüila, num dos raros momentos em que não estou fazendo nada e eis que toca o telefone. Do outro lado da linha uma daquelas atendentes com aquela voz tão amistosa e que todos nós adoramos ouvir. Disse que era da central de relacionamentos do banco e que havia verificado que constavam débitos em meu nome e me perguntou o porquê de eu não estar pagando e quando eu iria quitá-los.


Se eles perceberam bem, puderam constatar que estou praticamente falida. Dá pra ver que eu não estou rasgando dinheiro e que não estou fazendo nenhum tipo de manifestação anticapitalista usando o dinheiro deles como forma de combate à hegemonia das grandes organizações na sociedade. E como minha resposta era óbvia resolvi omiti-la, disse qualquer coisa e a querida atendente obviamente também não ficou satisfeita e vem me perseguindo desde então.


Mas agora já estou com minha fala pronta pra da próxima vez que ela vier a ligar pra mim:


-Alô!
-Boa tarde. Gostaria de falar com a Sra. Daiane.
- Pois não, é ela quem está falando.
- Sra. Daiane , eu sou da central de relacionamentos ao cliente e estão constando em nossos cadastros débitos referentes a produtos que a senhora adquiriu conosco. A senhora confirma essas informações?
- Sim, confirmo.
- Gostaria de estar sabendo quando a senhora estará saldando esses débitos e porque a senhora não pagou nas datas certas de vencimento.
- Então. Estou esperando que um meteoro se colida com a Terra e extermine toda a raça humana. Já que não iremos mais existir então ficarei isenta de pagar qualquer coisa a qualquer pessoa. E se resistirmos, teremos que conviver com uma camada de poeira escura e densa que impedirá que as pessoas consigam se identificar. Então provavelmente vocês não me acharão mais. Espero ansiosamente por isso.

É certo que não farei isso porque no fim das contas eu estou errada e a atendente apesar de ser irritante nem tem nada a ver com minhas dívidas. Sei que vou conseguir acabar com isso até no fim do ano, mas também não vou ter dinheiro nem pra comprar uma bala na mercearia. Decretei fim ao meu Carnaval em algum lugar paradisíaco ou minha viagem de mochila pela América do Sul, mas pelo menos vou dormir tranqüila.

O mais engraçado disso tudo é que hoje recebi uma outra ligação do banco é desta vez foi totalmente diferente das usuais. Um rapaz com a voz de Johnny Depp perguntou se a Daiane estava. Eu logo imaginei que seria de algum banco porque um rapaz com a voz de Johnny Depp nunca ligaria pra mim as onze da manhã, mas afinal é o rapaz com a voz de Johnny Depp então nem poderia deixar de atende-lo.

- Bom dia poderia falar com a Daiane?
- Pois não, é ela quem fala.
-
Poxa como deve estar aproveitando muito esse calorão hein!

É nessa parte que eu fico confusa e até chego a pensar se poderia realmente ser meu rapaz com voz de Johnny Depp. Óbvio que não! Mas continuando ele pergunta:

- Você mora no Rio ou em Niterói?

Então eu caí na real e percebi que não era o Johnny Depp, realmente lamentável. Ele faz parte de uma nova geração de atendentes que está mais preparada pra atender um público “jovem” e parece ter tomado alguma sopa alucinógena. Adorei!

- Não moro em nenhuma das duas, sou de Volta Redonda.
- Ahhh Volta Redonda! Mas aí deve estar calor também né!
- Está sim.
-
Nós agradecemos você estar no nosso banco e estamos muito satisfeitos por isso. (????) Então Daiane, você costuma economizar dinheiro?
- Eu não. Nunca.
- Nunca? Sério?
- Aham.
- Poxa eu também não consigo juntar dinheiro. Mas Daiane eu te liguei porque tenho uma ótima proposta pra fazer pra você. Nós do banco estamos fazendo uma promoção e convidando somente alguns correntistas para adquirirem uma poupança onde você pagaria todo mês um valor bem reduzido.
- Filho eu estou falida.
- É??? Poxa eu também tô falido!! (???)
Então ele faz uma pequena pausa e eu fiquei com cara de pamonha esperando ele falar mais alguma coisa e ele continuou:

- Foi mal. Eu espirrei! Mas continuando, tenho certeza que você faria um ótimo negócio porque além de você conseguir juntar dinheiro pra fazer aquela viagem de final de ano você vai concorrer a vários prêmios.
- Faz o seguinte então. Me ligue o ano que vem quando eu acabar com as minhas contas que eu faço essa tal poupança.
-
Mas Daiane essa promoção é somente pra alguns correntistas e nem sei se vai ter depois. Por algum motivo somente alguns estão nessa lista e você está entre eles.

Nessa hora realmente tive certeza que ele tinha tomado alguma coisa. Uma vez o banco me ligou dizendo que eu fazia parte de uma tal de lista CV, que é uma coisa ruim, mas nem sei exatamente o que é. E hoje eu devo estar entre os Top 10 dessa lista. Provavelmente ele trocou a lista dos clientes em ascensão por esta lista CV e como eu era uma das primeiras do ranking, logicamente imaginou meu futuro promissor e que eu iria querer depositar 500 reais nessa tal poupança ou então ele achou que estava no mundo dos duendes saltitantes e pegou a primeira lista que tinha na frente. Pelo nosso ótimo papo tenho quase certeza que é a segunda opção. Então quando o coitado deu por si que eu não tinha dinheiro mesmo, nem moedinhas pra colocar no cofrinho se despediu de mim e agradeceu pela atenção.

No fim das contas ele me passou confiança e eu tivesse algo pra investir com certeza investiria nessa tal poupança psicodélica.

Só sei que com a experiência que adquiri consigo identificar um atendente de banco antes dele falar a primeira palavra e já que estou numa recessão sem fim e que todo mundo hoje ganha dinheiro com tudo penso em dar consultoria e palestras sobre isso. “Como dispensar gentilmente um atendente em dois segundos sem desligar o telefone na cara dele e sem xingar sua mãe”. Depois escrevo um livro e ficará faltando somente a árvore e o filho.

domingo, 5 de outubro de 2008

Amor da minha vida?

No domingo estávamos reunidas numa pizzaria, falávamos sobre nossas queixas, planos, e uma amiga se recordou de uma crônica que leu e achou interessantíssima, entitulada de Amor da minha vida, escrita por Maitê Proença. Ela se lembrou de alguns trechos e contou um pouco sobre o assunto abordado. A crônica fala sobre um relacionamento vivido pela autora, onde há amor, mas onde os dois não podem/conseguem ficar juntos. E assim no meio da conversa nos perguntamos: Maitê Proença sofrendo por amor? Depois de 30 segundos de silêncio tentando imaginar tal situação chegamos a seguinte conclusão, não dá. Pensar numa mulher linda, inteligente e notória sofrendo uma desilusão amorosa é a mesma coisa que tentar crer que um meteoro cairá na Terra a qualquer momento: já aconteceu, acontece, pode acontecer, mas mesmo assim é difícil de imaginar.E é dessa mulher que chora, se dedica e tem sonhos como todas nós que veio a frase que mais fez sentido pra mim nos últimos dias: "... não quero mais o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida. "

Peço para que se puderem leiam a crônica, não só pelo fato de eu ter lido várias vezes, de ser um dos meus assuntos da semana, mas principalmente porque é muito boa. E quando a li pela primeira vez, vi que muitas coisas realmente faziam sentido na crônica e que muitas coisas na minha vida já não faziam mais.

Talvez eu já tenha conhecido o amor da minha vida. Foi de uma maneira inesperada e acabou da mesma forma. Não sei se acontece com vocês, mas acho que os amores das nossas vidas deixam rastros demais, além do que queremos e podemos.E é nesses rastros que nos apegamos e muitas vezes nos boicotamos quando não deixamos que eles se apaguem com o tempo. O suposto amor de minha vida é um homem bom. É inteligente, gosta de boa música, é engraçado. Nos demos muito bem enquanto estava tudo bem. Mas nos primeiros obstáculos o amor da minha vida virou o problema da minha vida. Sei que foi recíproco. "Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca". Enquanto ele tentava fazer o melhor que podia, eu tentava fazer o melhor que podia. Mas o meu melhor era diferente do dele. Não menos ou mais importante, mas diferente.Eu me irritava com suas atitudes omissas e ele com as minhas palavras desmedidas. Não sabia o que se passava com ele e ele sabia de mim mais do que deveria ou queria saber.

Terminamos de uma forma nada agradável. Eu e o suposto amor de minha vida não temos idas e vindas, só chegada e partida. Não sei se teremos volta. Só que acreditei que o suposto amor da minha vida seria o meu amor pra toda a vida. Nem sei se estava enganada, pois afinal não tenho como prever o destino. Mas sei que agora não há espaço para ele em minha vida e eu não faço mais parte dos seus planos, é difícil admitir, mas é a verdade.

Não digo que não possa ser ele, nunca disse. Mas, e se não for? Por isso também digo que não posso esperá-lo. Se for, será em outras circunstâncias, em outro dia e em outro lugar. Confesso que já passou pela minha cabeça a idéia de esperá-lo. Esperar o dia em que ele acordasse, mudasse radicalmente e percebesse que realmente quer ser pra sempre.

Mas não posso deixá-lo ocupar o lugar de amor da minha vida, pois esse lugar tem que estar reservado para o meu amor pra toda a vida.

O amor pra toda vida talvez seja o homem descrito na crônica e que no fundo todas nós esperamos. Ele terá qualidades que gostamos, defeitos, mas principalmente, fará com que nos sintamos seguras.

Então de forma alguma poderia interditar o lugar de amor da minha vida, para construir uma casa de ilusões e que não tem base para ser sustentada. Não posso deixar que o meu amor pra toda vida bata e não encontre lugar para se aconchegar.

E se no fim de tudo eu me der conta que o suposto amor da minha vida é quem vai ocupar esse lugar, não será eu que o direi. Ele encontrará o caminho sozinho. Enquanto isso, o lugar de amor da minha vida estará vago a procura de alguém que o preencha de maneira definitiva.

A verdade é que continuo gostando do seu jeito, acho que ele me admira, mas não conseguimos ficar meia hora sem discutir, sobre a crise americana, a alta do dólar, tudo é motivo. Somos diferentes, traçamos caminhos diferentes e não há nada que possa nos unir pelo menos por agora.

E apesar de toda minha convicção tento fazer com que aos poucos meu coração entenda e aceite isso.

Maitê está certíssima. Chega uma hora que temos que dar basta ao amor das nossas vidas. Chega de ficar achando que se não terminássemos, se não discutíssemos, se não houvesse distância em todos os aspectos poderia ser diferente, poderia ser o nosso amor pra toda a vida. Não poderia e é justamente por isso que não dá certo.

E é nessa hora que temos que sacudir a poeira e seguir sem olhar para trás. Quando li a crônica foi exatamente a hora em que me decidi por fazer isso. Acho que não quero mais saber sobre ele, sobre sua opinião e sobre o que sente. Quero saber sobre mim. Quero cuidar do meu lugar e quero enche-lo de flores. Quero sorrisos e calmaria. Quero querer alguém que me queira tanto e que nunca queira partir. Quero o meu amor pra toda vida no lugar de amor da minha vida.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pseudo

E depois de uma longa pausa retorno com um texto antigo que estava empoeirado, guardado em meus arquivos. Na verdade escrevi pensando que poderia ser uma música, pelo menos na minha cabeça, mas também eu não tenho credibilidade. Então talvez seja uma pseudocomposição para uma pseudomúsica. E como continuo sem inspiração e com um pouco de preguiça, deixo-lhes com uma das minhas lembranças não tão memoráveis.

Se você não viesse não perceberia sua ausência
Achei que seria melhor, mas estava enganada
O imperfeito é bem mais confortável do que isso
Não traz grandes esperanças
Nem ilusões surreais
A vida gira em torno de nós mesmos
Algo me fez sair do eixo
Sua voz dizendo para não desistirmos
Ainda ecoa na minha cabeça
E por mais que eu tenha certeza
Sei que estava segura no deserto
Agora me vejo sem lar
Presa em meus pensamentos
No pessimismo do presente
Lembrando do acalento do ontem
Onde não existíamos
Quando não precisava saber

domingo, 27 de julho de 2008

Domingo legal

Hoje nem fiz muita coisa, pra nem dizer que não fiz nada, terminei de arrumar o almoço e depois fiquei assistindo alguns filmes. Alguns episódios de Arquivo X e O Fabuloso destino de Amélie Poulain. Diga-se de passagem segunda vez que o assisto desde ontem. Me apaixonei pelo filme e pelo despretensionismo de Amélie. A forma de como o filme aborda os assuntos, o fato dela conseguir driblar sua insegurança e fazer tantas coisas legais para as pessoas que ela acha que mereçam é muito inspirador. Amélie assim como milhares de outras mulheres buscar o amor, mas sem buscá-lo. Ela busca implicitamente, não correndo atrás dele, mas sabendo que ele pode passar a qualquer momento na sua vida. Enquanto isso ela se diverte com as coisas boas e simples que a vida lhe oferece. Amélie é uma menina que sabe aproveitar os pequenos e simples momentos com a mesma importância que damos aos grandes momentos e isso faz com que sua vida seja repleta de situações interessantes. Se soubermos fazer com que cada momento seja um grande momento com certeza nossas vidas terão mais cor assim como a vida de Amélie.

Apesar de hoje ser a terceira vez que posto aqui, fui surpreendida do primeiro ter ido parar no site mulé burra, graças a uma querida amiga que me deu a idéia de enviá-lo. Fiquei muitíssimo contente por isso e mais contente por saber que alguém lê o que eu escrevo. Nem eu achei que elas leriam tantas lamentações. Nem sei se eu leria. Mas de qualquer forma foi legal. Hoje nem estou muito inspirada e nem escreverei as vinte mil linhas como de costume. Então o que tenho a dizer é boa semana para todo nós. E que venha mais uma segunda-feira!
Ahhh vou passar o link pra vocês

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A fila

E como derrotada convicta no joguinho de sinuca on-line, eu me retiro da fila que havia entrado nos últimos meses. Pra dizer a verdade não encaro isso como uma perda, mas sim como um modo de procurar outros caminhos, nesse caso outras filas. Acho que o nosso otimismo de nada vale se o instinto não diz o mesmo. Todas sabemos que o instinto feminino não falha e o meu dizia pra eu ir com calma, pois ali poderiam ter espinhos, e foi o que eu fiz. Coloquei minha cadeira na fila e fiquei por algum tempo, sem pressa, olhando as coisas ao redor, conversando com as pessoas, jogando palavras cruzadas.
Engraçado que ao entrarmos numa fila esperamos que quando formos atendidos nossos problemas serão resolvidos e na verdade as coisas não funcionam bem assim. Vi alguns ataques de kamikazes, descaso no atendimento e então no meio da fila decidi abandona-la.
Não sei se seria atendida e se valeria a pena o tempo que empreguei.
Tenho certeza que foi a melhor decisão a ser tomada e não tenho mais nada a declarar.
Sabemos que para certos tipos de homens sempre haverão filas e sempre haverão kamikazes prontas para furá-las. São os famosos rockstars, homens que tem os atributos ideais, que arrancam suspiros com um olhar e que nos fazem cair no bueiro de tampa aberta quando passam.
Para algumas o rockstar é aquele cara sarado, que freqüenta as melhores baladas, se veste com as melhores marcas e é bem sucedido. Já o meu rockstar é no sentido mais literal da palavra. Ele não tem todas as características de um rockstar, mas geralmente possui atributos isolados que o fazem assim. Alguns se assemelham mais pelo visual, outros tocam algum instrumento e ambos tem em comum a paixão pela boa música, o carisma, as fãs que os acompanham e o fato serem descompassados. Desde os mais certinhos até os mais revoltados, todos os meus rockstars possuem esse elo de ligação.
Sinceramente não há como entendê-los, pois não tenho a mínima idéia do que estão pensando, se estão rindo de mim ou pra mim, se me amam ou me odeiam, se pensam em se casar comigo ou só estão me poupando pra me dar como parte do pagamento em suas dívidas de jogo.
Sei que atraio esse tipo homem, mas eu também os busco. Minhas amigas me dizem que por eu estereotipar o meu homem ideal eu fecho as portas para outros que poderiam me trazer um relacionamento mais ameno e concreto, longe de toda a incerteza e insegurança que um rockstar proporciona. Elas estão certíssimas, mas vá dizer isso pra mim depois de uma meia hora de conversa com um cara que tem a discografia do Manu Chao.
Pois é, eles têm suas vantagens. Esses seres descompassados são mais inteligentes que a média, sabem conversar sobre todos os assuntos e se você de alguma forma conseguir desvendar 0,01 % do seu mistério provavelmente comporão uma música em sua homenagem.
È óbvio que depois de alguns meses estarão tocando a mesma música para sua legião de adoradoras e você não irá conseguir chegar mais perto deles.
Essa é a pior parte, a mais difícil de aceitar, mas eles são assim. O que acho legal nisso é que apesar de não sabermos como lidar e de termos praticamente certeza de que não será duradouro, podemos crer que de alguma forma fizemos a diferença na vida deles. Não nos esquecemos de uma música, pois a música é atemporal. Por mais que as coisas mudem, que os sentimentos também mudem, ela sempre estará ali. E acho que isso vale não só para os meus rockstars, mas para o de todas nós e em todas suas variações.
Eu sei que posso ter feito diferença. Não digo isso por vantagem ou conformismo, mas é que quando conseguimos entrar em suas vidas, mesmo que sejam por frações de segundos é sinal que somos dotadas de algo que as kamikazes não possuem ou conseguem compreender. Não sei se isso é bom ou não. Pra mim provavelmente nem seja porque continuo aqui falando que nem pobre na chuva. Mas que nos sirva como prova que não precisamos dançar conforme a música, de mudar de lado, de nos mudar, por pensar que estamos agindo errado ou não agindo e por achar que talvez estejamos sendo antiquadas para os padrões da sociedade.
E tenho certeza que é desse jeito e por esse jeito que ainda iremos achar alguém nos dedique não só uma música, mas todo um álbum.

sábado, 19 de julho de 2008

Primeiro

Fiquei pensando no que escrever no blog. Queria falar de assuntos interessantes, sobre as vantagens de se investir em commodities, os avanços tecnológicos ou os conflitos no Oriente Médio, mas nem seria verdadeira se falasse sobre tudo isso e deixasse o assunto que mais tem atormentado meus sonhos e pesadelos ultimamente : homens ou a falta de homens.
Imagine uma mulher solteira, numa cidade que só tem mulheres, num país que só tem mulheres. E essas mulheres parecem que acabaram de descobrir a revolução sexual, acham que estão em pleno Woodstock e que os nossos namorados, paqueras, futuros paqueras são o Jim Morrison. E o que elas fazem?? Vão na surdina com seus ataques mortais, assim como os kamikazes e enquanto estamos pensando no modo em que vamos cumprimentar o rapaz elas já estão grudadas no pescoço deles como se fossem aqueles bichinhos que grudamos no vidro do carro.
E o que nós fazemos??? Nada.
Eu sinceramente não faço nada. Cansei. Cansei e ponto final.
Homem hoje em dia é artigo de luxo. E para cada atributo que ele possa ter são mais cinco mulheres mandando scraps e ligando. Se ele é inteligente, cinco mulheres, se é engraçado, mais cinco e se for bonito vem acompanhado com um bônus de mais 20 mulheres. Se tocar guitarra então desista. Uma amiga me disse: Esquece!! Ele toca guitarra!
E assim a sociedade se transforma, novos conceitos surgem, o comportamento muda e conseqüentemente as pessoas. Os homens que possuem algum atributo têm certeza da atual conjuntura e por isso sabem quem provavelmente não irão ficar sozinhos. Então ele te escolhe pra namorar. Se te escolheu é porque você provavelmente tem algo que as outras não tem. Seja lá o que for, isso é bom, até você discordar de alguma coisa. Por favor não reclame se ele não te liga há uma semana ou se foi pra balada sem te avisar, pois provavelmente ele irá sumir.
Acontece que os homens hoje têm tantas opções disponíveis que no primeiro obstáculo eles desistem. Entenda-se por obstáculo não mandar sinal de vida, aparecer como se nada tivesse acontecido e ver o descontentamento da namorada. Descontentamento não pode. Mulheres, caso aconteça isso, apareçam com o sorriso no rosto dizendo que estavam com saudade.
Quando dizem que a fila anda podemos ter certeza que eles têm razão. A fila dos homens é semelhante àquela fila do INPS (como dizem os antigos) onde temos que madrugar para conseguirmos senhas ou compra-las de alguém. Vou ser sincera. Eu estou numa fila. Levo baralho, cadeiras, achocolatado, joguinho de palavras cruzadas e não tenho nenhuma pressa, inclusive quem tiver uma viola será bem vindo ao lual que organizaremos. Sei que estou vulnerável ao ataque das kamikazes fura-filas, mas pelo menos tenho minha consciência tranqüila. Elas correm o risco de cortarem fila e não serem atendidas e ainda por cima repreendidas pelo ato pouco sutil. Eu quero ser bem atendida, mas ao primeiro sinal de confusão tiro meu time de campo, pois quero uma casa no campo, nada de barraco.
Não quero dizer que sou contra a liberdade de expressão, vejo muitas mulheres dizendo e se vangloriando que não têm limites e que vivem a vida intensamente e nem acho errado. Devemos expressar nossos sentimentos de todas as formas que ousarmos fazer, mas que isso não limite o espaço de outra pessoa. As kamikazes de hoje serão as namoradas/esposas neuróticas de amanhã, pois quando gostarem de alguém vão querer exclusividade, porque isso é o que todas queremos, e saberão exatamente o quanto é difícil encontrar alguém que valha a pena e como é fácil perdê-lo.
*Texto escrito na quinta-feira quando ainda estava mais otimista.