domingo, 5 de outubro de 2008

Amor da minha vida?

No domingo estávamos reunidas numa pizzaria, falávamos sobre nossas queixas, planos, e uma amiga se recordou de uma crônica que leu e achou interessantíssima, entitulada de Amor da minha vida, escrita por Maitê Proença. Ela se lembrou de alguns trechos e contou um pouco sobre o assunto abordado. A crônica fala sobre um relacionamento vivido pela autora, onde há amor, mas onde os dois não podem/conseguem ficar juntos. E assim no meio da conversa nos perguntamos: Maitê Proença sofrendo por amor? Depois de 30 segundos de silêncio tentando imaginar tal situação chegamos a seguinte conclusão, não dá. Pensar numa mulher linda, inteligente e notória sofrendo uma desilusão amorosa é a mesma coisa que tentar crer que um meteoro cairá na Terra a qualquer momento: já aconteceu, acontece, pode acontecer, mas mesmo assim é difícil de imaginar.E é dessa mulher que chora, se dedica e tem sonhos como todas nós que veio a frase que mais fez sentido pra mim nos últimos dias: "... não quero mais o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida. "

Peço para que se puderem leiam a crônica, não só pelo fato de eu ter lido várias vezes, de ser um dos meus assuntos da semana, mas principalmente porque é muito boa. E quando a li pela primeira vez, vi que muitas coisas realmente faziam sentido na crônica e que muitas coisas na minha vida já não faziam mais.

Talvez eu já tenha conhecido o amor da minha vida. Foi de uma maneira inesperada e acabou da mesma forma. Não sei se acontece com vocês, mas acho que os amores das nossas vidas deixam rastros demais, além do que queremos e podemos.E é nesses rastros que nos apegamos e muitas vezes nos boicotamos quando não deixamos que eles se apaguem com o tempo. O suposto amor de minha vida é um homem bom. É inteligente, gosta de boa música, é engraçado. Nos demos muito bem enquanto estava tudo bem. Mas nos primeiros obstáculos o amor da minha vida virou o problema da minha vida. Sei que foi recíproco. "Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca". Enquanto ele tentava fazer o melhor que podia, eu tentava fazer o melhor que podia. Mas o meu melhor era diferente do dele. Não menos ou mais importante, mas diferente.Eu me irritava com suas atitudes omissas e ele com as minhas palavras desmedidas. Não sabia o que se passava com ele e ele sabia de mim mais do que deveria ou queria saber.

Terminamos de uma forma nada agradável. Eu e o suposto amor de minha vida não temos idas e vindas, só chegada e partida. Não sei se teremos volta. Só que acreditei que o suposto amor da minha vida seria o meu amor pra toda a vida. Nem sei se estava enganada, pois afinal não tenho como prever o destino. Mas sei que agora não há espaço para ele em minha vida e eu não faço mais parte dos seus planos, é difícil admitir, mas é a verdade.

Não digo que não possa ser ele, nunca disse. Mas, e se não for? Por isso também digo que não posso esperá-lo. Se for, será em outras circunstâncias, em outro dia e em outro lugar. Confesso que já passou pela minha cabeça a idéia de esperá-lo. Esperar o dia em que ele acordasse, mudasse radicalmente e percebesse que realmente quer ser pra sempre.

Mas não posso deixá-lo ocupar o lugar de amor da minha vida, pois esse lugar tem que estar reservado para o meu amor pra toda a vida.

O amor pra toda vida talvez seja o homem descrito na crônica e que no fundo todas nós esperamos. Ele terá qualidades que gostamos, defeitos, mas principalmente, fará com que nos sintamos seguras.

Então de forma alguma poderia interditar o lugar de amor da minha vida, para construir uma casa de ilusões e que não tem base para ser sustentada. Não posso deixar que o meu amor pra toda vida bata e não encontre lugar para se aconchegar.

E se no fim de tudo eu me der conta que o suposto amor da minha vida é quem vai ocupar esse lugar, não será eu que o direi. Ele encontrará o caminho sozinho. Enquanto isso, o lugar de amor da minha vida estará vago a procura de alguém que o preencha de maneira definitiva.

A verdade é que continuo gostando do seu jeito, acho que ele me admira, mas não conseguimos ficar meia hora sem discutir, sobre a crise americana, a alta do dólar, tudo é motivo. Somos diferentes, traçamos caminhos diferentes e não há nada que possa nos unir pelo menos por agora.

E apesar de toda minha convicção tento fazer com que aos poucos meu coração entenda e aceite isso.

Maitê está certíssima. Chega uma hora que temos que dar basta ao amor das nossas vidas. Chega de ficar achando que se não terminássemos, se não discutíssemos, se não houvesse distância em todos os aspectos poderia ser diferente, poderia ser o nosso amor pra toda a vida. Não poderia e é justamente por isso que não dá certo.

E é nessa hora que temos que sacudir a poeira e seguir sem olhar para trás. Quando li a crônica foi exatamente a hora em que me decidi por fazer isso. Acho que não quero mais saber sobre ele, sobre sua opinião e sobre o que sente. Quero saber sobre mim. Quero cuidar do meu lugar e quero enche-lo de flores. Quero sorrisos e calmaria. Quero querer alguém que me queira tanto e que nunca queira partir. Quero o meu amor pra toda vida no lugar de amor da minha vida.

4 comentários:

Anjinha disse...

Migaaaa, amei o texto.... preciso aprender a fazer isso... um dia consigo...:P

Bjinhus

Douglas Chagas™ disse...

belo texto, ainda lerei essa crônica pois me interessei =]

Anônimo disse...

Também vou ler a crônica algum dia!
^^

Anônimo disse...

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

- Pegando uma contribuição com Clarice Lispector..rsrs! bjinhos