domingo, 9 de novembro de 2008

Qual é a cor?

“E estamos muito perto de termos o primeiro presidente negro dos EUA”. Essa frase dita por um repórter foi suficiente pra que as lágrimas caíssem dos meus olhos. Na manhã do dia seguinte tive a confirmação. Não sei se todos os negros tiveram esse mesmo sentimento, mas a verdade é que pelo menos a maioria de nós naquela quarta-feira acordou mais esperançosa. Sei que não podemos ser utópicos a ponto de achar que Obama irá resolver todos os problemas do mundo e será um presidente perfeito. Não podemos afirmar nada. Mas temos certeza que o dia 05 de novembro de 2008 ficará marcado na história. O dia em que a população da maior potência do mundo deixou de lado seus olhares conservadores e resolveu agir com o coração.
E uma coisa lhes digo: não á fácil ser negro. Quando você cresce numa favela onde a grande maioria dos habitantes é negra, talvez seja menos complicada a convivência, apesar de terem problemas muito mais complexos. Já para quem felizmente pôde ter melhores condições de crescimento, a adaptabilidade no seu meio pode ser um pouco mais demorada, pois existem menos negros e mais pessoas mal informadas. O meu caso é bem particular, pois sou o resultado de uma miscigenação, tenho uma avó branca e uma avó negra o que fez com que tivesse uma visão muito mais ampla sobre essa questão.
Quando era criança já passei por situações embaraçosas, mas aprendi a lidar com isso da melhor maneira possível. Hoje é minha priminha que está passando pelas mesmas coisas que eu vivi há muito tempo atrás. Ela é uma menininha negra lindíssima e agora começa a questionar sobre a cor da sua pele e seu cabelo, perguntas que não deveriam estar afligindo a cabecinha de uma criança de quatro anos. Em casa ela recebe a melhor educação de uma família negra e forte, mas na escola existem as crianças que não tem o mesmo tipo de preparo. São criados por pais desorientados, com uma visão restrita da sociedade e esses valores acabam sendo adquiridos pelos seus filhos, que podem se tornar crianças maldosas e mais tarde adultos preconceituosos. Isso não acontece com a família da melhor amiga da minha priminha, uma menina adorável de olhos verdes. As duas se conhecem desde que minha prima nasceu e não se desgrudam desde então. As famílias apóiam e incentivam a amizade, o que vai ser bom para ambas que desde cedo têm certeza que a amizade independe de qualquer atributo físico, classe social ou qualquer coisa que separe, pois a amizade nos une.
A verdade é que tenho orgulho de ser negra. E apesar da mistura que tive que resultou não só uma mistura de raças, mas principalmente de culturas, me sinto muito negra. Só não sei se os negros têm orgulho de mim. E ainda bem que zumbi não está vivo pra me ver sambando, pois seria uma decepção. Acho que um gringo numa roda de samba se move melhor que eu. E eu tentei. Juro que tentei diversas vezes, mas nem levo jeito mesmo. Minhas tias parecem passistas de escola de samba quando entram numa roda, e eu fico com minha cara de broa, como quem diz me esperem que eu estou só descansando. E fico descansando umas cinco horas no mínimo. Além disso, a outra decepção que não é da comunidade, mas sim da minha tia-avó, é o fato dela estar esperando até hoje eu adentrar pela porta de sua casa com meu novo namorado negro, forte, alto, bem sucedido, com uma aliança de 100 quilates e a realidade é que nem cheguei a apresentar os branquelos, doidos que passam a jato pela minha vida e que saem antes que alguém veja a cara do sujeito. Óbvio que é brincadeira, e que minha tia-avó, que se casou com um homem branco e não tem nenhum tipo de restrição, só quer me ver feliz.
Mas voltando ao assunto anterior, agora só espero que tudo o que temos planejado e sonhado para o nosso mundo possa se concretizar. Que esse seja o início de uma nova era, mais justa, que avalie o potencial dos indivíduos de forma similar, que sejam os brancos, que sejam os negros, que sejam todos que tenham capacidade e que sejam realmente bons aqueles que irão comandar nossas nações a uma direção melhor.

domingo, 2 de novembro de 2008

?

Homens e seu constante transtorno bipolar.
Não sei se ligam porque estão com saudade ou se é pra gastar o bônus do celular.
Não sei se não ligam porque aconteceu alguma catástrofe ou estavam de ressaca do dia anterior.
Não sei se são realmente desligados ou simulam ser.
Não se estão rindo pra mim ou de mim.
Não sei falam conosco, pois sentem nossa falta ou se sentem incomodados com nossa indiferença.
Não sei querem estar ao nosso lado porque gostam ou por mera carência.
Não sei se pensam em se casar ou só nos poupam para nos dar como parte do pagamento em suas dívidas de jogo.
Não sei se o pra sempre é por toda a eternidade ou até amanhã.
Não sei se querem sair naquele sábado pra nos agradar ou porque seus amigos não o procuraram.
Não sei se nos convidam pra sair naquele sábado e nos deixam esperando porque um meteoro se colidiu com a Terra ou porque seus amigos o procuraram.
Não sei se não querem nos ver porque não tem grana ou se estão economizando grana pra comprar mais cerveja.
Não sei se quando dizem sermos as mulheres da vida deles, eles têm uma vida ou na verdade eles são gatos.
Não sei se é complexo ou eles que querem que seja.
Não sei se quando dizem que estão apaixonados é sincero ou se simplesmente querem ver a nossa cara de idiota.
Não sei se quando dizem que somos especiais é bom ou é um indício que eles querem cair fora.
Não sei se acreditam no amor ou apenas tentam nos iludir com provas de amor.