segunda-feira, 31 de maio de 2010

La Femme

       Hoje nós mulheres temos todas as responsabilidades de um homem na vida profissional, cuidamos das nossas famílias, dos amigos e ainda arrumamos um tempinho pra nos cuidar. É muito mais aceitável que uma mulher que passe dos vinte e cinco esteja solteira, já que temos muitas funções a desempenhar na sociedade atual. Mas como reflexo disso veio também uma mudança no trato dos relacionamentos e uma mudança no comportamento dos homens. É fato que a cada dia está mais difícil arrumar um cara legal, que tenha coisas que gostemos e que nos trate com respeito. E como a oferta de homens está cada vez mais escassa, eles podem se dar ao luxo de escolher bastante e descartar qualquer uma que no primeiro momento tenha qualquer indício de algo que não os agrade. Então o que vemos é uma enxurrada de livros de auto-ajuda e manuais que descrevem como a mulher deve se portar perto de um homem. A mulher deve estar sempre linda, dizer coisas espirituosas, não se chatear com qualquer bobagem, não perguntar o porquê de seus sumiços e ignorá-lo toda vez que ele faça algo que você não goste. Seria muito fácil se conseguíssemos fazer isso. Eles teriam a mulher ideal e a mulher por sua vez conseguiria amarrar o homem que quisesse. Então não podemos mais ser passionais? Não podemos ficar tristes e chorosas naquele dia que estamos de TPM , que dá tudo errado e ele simplesmente te ignora? Acho estranho essa história de não demonstrarmos mais nossos sentimentos. Nós transbordamos sentimentos.
        Podemos trabalhar em multinacionais, exercer cargos de chefia, mas somos mulheres. Somos sensíveis, choramos, berramos às vezes.Como iremos lembrar da página 98 daquele livro que dizia “não se exaltar durante situações extremas” quando você encontra seu namorado com outra no carro? Obviamente que vamos pegar qualquer coisa que possa arranhar toda a carroceria do carro mais rapidamente e provavelmente se tivéssemos algum livro na nossa frente só serviria pra tacá-lo na cabeça dele. E o homem realmente acha essa atitude totalmente incorreta. A mulher deve ter postura, não deve se abalar por qualquer coisa e nem ficar reclamando. Isso seria bom se eles tivessem um pouco ou alguma consideração. A verdade é que se você reclamar eles te dispensam e se não reclamar eles podem pensar no seu caso. E assim muitas mulheres acabam se passando por loucas por demonstrarem seus sentimentos, por se exaltarem e por dizerem tudo o que sentem. O homem geralmente se vira e nunca mais volta.
       Ser passional pode nem ser bom em alguns pontos de vista, mas acho não podemos ser omissas. É fácil? Não é mesmo. Mas quando o relacionamento acaba é porque as palavras e as possibilidades se esgotaram. Mulheres passionais tentam até o último instante e dizem o que querem até o último minuto. São as mais corajosas, mais destemidas e as mais temidas. Só digo para que não tenhamos medo de falar , de agir, de mostrar, pois homem nenhum tem o direito de nos diminuir e se ele te fez brigar, chorar e sofrer é porque ele realmente não valia a pena.

domingo, 30 de maio de 2010

Último

O primeiro sorriso. A primeira troca de olhares. As primeiras palavras trocadas. O primeiro torpedo carinhoso. A primeira ligação. O primeiro encontro. A primeira vez que ficam nervosos. O primeiro beijo. Os primeiros pensamentos. A primeira noite sem dormir. As primeiras intenções. O primeiro dia. A primeira noite. O primeiro choro. A primeira falta do olhar. As primeiras palavras não ditas. A primeira ausência de carinho. A primeira indiferença. A primeira vez que ficam tristes. Os primeiros pensamentos ruins. A primeira noite sem dormir. A primeira distância. O primeiro dia. A primeira noite. O primeiro fim.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um, dois, três...

A maldita espera. Não queria que existisse essa palavra no vocabulário. Ela me atrapalha e corrói tudo demais. Só de pronunciá-la já sinto um pesar na minha voz. Espera que combina com atraso, que combina com angústia, que combina com falta. O coração parece que é tomado pela espera. Quem nos faz esperar nos toma o coração. Faz com que aquele cara dos Jogos Mortais se torne simpático, até. Pois ele nos induziria a entregar nosso coração como parte do jogo, porém nos ofereceria outra alternativa. Quem nos faz esperar não oferece alternativas. Nos arranca o coração sem que percebamos. E muitas vezes gostamos disso. Não gostamos disso, nos conformamos com isso.Eu tenho andado por aí sem coração. Dizem que ele foi visto à noite, perdido e sozinho, perambulando pela Av. Paulista tentando achar repouso. Se alguém encontrá-lo por favor não digam nada. Tenho certeza que ele não voltará enquanto não padecer por toda angústia do mundo. Coração que espera perde seu destino. Enquanto isso nós ficamos com aquele aperto no peito de não ter coração e de perder a fé pela ausência de serenidade. Ele sabe que estou aqui e que pode aparecer a qualquer hora, machucado, dilacerado, venha do jeito que estiver e que a vida quiser. Estarei o esperando de banho tomado, roupa de missa, debruçada na janela. Não importa o tempo que levarei pra cuidá-lo e quantas feridas terão que ser cicatrizadas, só quero que ele retorne e traga novamente meus sonhos bons.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cisma

Eu cismei com você. Cismei que poderia te achar. Cismei que poderia te achar quando eu bem quisesse. Cismei que poderíamos caminhar do jeito que aqueles casais caminham e não separam suas mãos dadas quando se deparam com algum obstáculo. Assim que me lembrei que não somos um casal e que geralmente sou eu uma daquelas pessoas distraídas que separam casais andando de mãos dadas nas ruas. Você pega o metrô e eu vou ao cinema. Poderíamos pegar o metrô para ir ao cinema. Mas a vida não é assim tão prática. Eu sou prática. Pegaria aquele metrô mesmo que ele estivesse há trezentos quilômetros ou há um milhão de anos-luz se eu soubesse que você estaria nele. Te encontraria e você estaria sentado, totalmente inerte, me sentaria ao seu lado, mas me perguntaria o que eu estaria fazendo ali. Não dá pra saber. Quando você fala daquele jeito que eu gosto faz com que eu comprometa todo o meu raciocínio. É como se eu pudesse fazer tudo e passar por tudo sem nenhum arranhão. E faço tudo e passo por tudo. Mas pra quê? E quando abro os olhos estou pulando do precipício sem saber o motivo. Queria que alguém pudesse encher meu cérebro de razão. Se tivesse uma árvore de razão eu juntaria todas as minhas economias pra tê-la. Você está sentado no banco daquele metrô, mas você está distante demais pra perceber que pode ser bom. Prefere ficar sozinho olhando na janela. Você é como aquelas lindas plantinhas que encontramos no meio de uma trilha e ficamos na dúvida se devemos levá-la pra colocarmos no vasinho ou deixá-la em seu habitat e ficarmos só observando. E eu estou nesse ponto. Não sei se te levo ou se te deixo. Nem sei se no vasinho você vai ficar tão interessante o quanto você é aí. E nesse instante estou olhando pra plantinha.