quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cisma

Eu cismei com você. Cismei que poderia te achar. Cismei que poderia te achar quando eu bem quisesse. Cismei que poderíamos caminhar do jeito que aqueles casais caminham e não separam suas mãos dadas quando se deparam com algum obstáculo. Assim que me lembrei que não somos um casal e que geralmente sou eu uma daquelas pessoas distraídas que separam casais andando de mãos dadas nas ruas. Você pega o metrô e eu vou ao cinema. Poderíamos pegar o metrô para ir ao cinema. Mas a vida não é assim tão prática. Eu sou prática. Pegaria aquele metrô mesmo que ele estivesse há trezentos quilômetros ou há um milhão de anos-luz se eu soubesse que você estaria nele. Te encontraria e você estaria sentado, totalmente inerte, me sentaria ao seu lado, mas me perguntaria o que eu estaria fazendo ali. Não dá pra saber. Quando você fala daquele jeito que eu gosto faz com que eu comprometa todo o meu raciocínio. É como se eu pudesse fazer tudo e passar por tudo sem nenhum arranhão. E faço tudo e passo por tudo. Mas pra quê? E quando abro os olhos estou pulando do precipício sem saber o motivo. Queria que alguém pudesse encher meu cérebro de razão. Se tivesse uma árvore de razão eu juntaria todas as minhas economias pra tê-la. Você está sentado no banco daquele metrô, mas você está distante demais pra perceber que pode ser bom. Prefere ficar sozinho olhando na janela. Você é como aquelas lindas plantinhas que encontramos no meio de uma trilha e ficamos na dúvida se devemos levá-la pra colocarmos no vasinho ou deixá-la em seu habitat e ficarmos só observando. E eu estou nesse ponto. Não sei se te levo ou se te deixo. Nem sei se no vasinho você vai ficar tão interessante o quanto você é aí. E nesse instante estou olhando pra plantinha.

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